sexta-feira, 19 de junho de 2009

AMIGOS!


Gosto da companhia de amigos,gosto
dos que me fazem gozar, dos que me fazem amar
dos que me fazem sofrer e escrever um poema
mas gosto mesmo é de amigos
amigos não estão sempre bem
não estão sempre sorrindo
não estão sempre de acordo
não estão sempre falando o que você quer ouvir
mas estão sempre
sempre, sempre, sem qualquer condição
estão sempre lá
estão sempre aqui
estão sempre tão perto mesmo longe que lá e aqui parecem se fundir
amigos são sempre que não importa o que haja
você nem precisa falar
amigos se comunicam no olhar
amigos se olham nos olhos
amigos não desviam
são seis sentidos te sentindo
seis sentidos te fazendo sentir
sentidos atentos a todos os seus sentimentos
amigos não são pai e mãe não mimam nem cobram
amigo não precisa fazer nada
basta estar ali
você sabe e isso te acalma norteia deságua
você sabe e isso basta
amigo é o solo que brota sob os seus pés
quando você pisa o abismo
amigo é a asa que nasce nas suas costas
quando você nada para o precipício
amigo é a rede que te ampara numa acrobacia aérea
em qualquer queda
e antes mesmo da queda
é seu ponto de equilíbrio
e é só por saber
saber tão forte com todos os sentidos
que eu tenho amigos
é só por isso
que eu me jogo...
(se não fossem os meus amigos
eu jamais saberia o que é voar
quando pensava estar caindo...)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Os Desesperados e Os Egoístas


Todos os dias, antes de dormir, muitas pessoas entrelaçam os dedos, miram suas pupilas para o horizonte ou para um crucifixo - quase sempre empoeirado-, e começam a rezar, a fim de agradecer a Deus por mais um dia de comida sobre a mesa, pelo teto quentinho que abriga, pela cama macia que conforta e, principalmente, por ter sobrevivido a mais vinte e quatro horas, mesmo que, por alguns minutos, tenham sentido o mundo desabar. Mas os desesperados não oram e, ao invés de agradecer, eles reclamam.
Acordam na madrugada, após mais um pesadelo, e sentem a respiração ofegante e os cento e cinqüenta e dois batimentos cardíacos por minuto, dando a certeza de que o cérebro ainda funciona, o sangue ainda circula e a vida continuará por, pelo menos, mais um momento, o que faz o dia iniciar infeliz. Levantam do colchão de molas, coberto pelo edredom de penas de ganso. Tomam uma xícara de leite marrom, devido às muitas colheres de achocolatado em pó. Comem o pão mais macio do supermercado, com a margarina mais cremosa, o queijo mais saboroso e o presunto mais caro. Vão para a universidade particular no carro de luxo preto, que causa inveja a qualquer um. Aliás, tudo causa inveja em qualquer um e, ainda assim, o dia começa infeliz.
O colchão de molas não deixa os desesperados descansarem, com todos esses malditos pesadelos, enquanto o edredom de penas de ganso apenas os esconde da tristeza de transformar um animal inocente em coberta. Não importa quantas colheres eles utilizem, o achocolatado jamais adoçará a amargura que sentem pela vida. O pão macio e os frios saborosos já não matam a fome, somente tornou-se um hábito. Não é na universidade que querem estar e preferem andar a pé ou de bicicleta.
Qual o objetivo da vida? Os desesperados não sabem o objetivo, todavia sabem exatamente o que fazer dela: estragá-la. Tantos pesadelos criados dos mais cruéis e inesquecíveis traumas. Ver os amigos que vêm e vão o tempo todo, afinal, amigos não são para sempre. E, quando tentam amadurecer, os desesperados aprendem com experiências, entretanto terminam à beira da loucura, com tanta experiência profundamente deprimente.
Todos os dias, antes de dormir, os desesperados levam as mãos à cabeça, deixam as lágrimas escorrerem sobre o nariz, pegam seus objetos cortantes, que fazem seu sangue derramar todas as noites e perguntam, não para Deus, que não existe, mas para si, o porquê de tanto sofrimento, por que ninguém é capaz de entender as coisas simples da vida, por que não amam, do que estão cansados, por que é tão difícil abrir a mente para novas coisas. E acordam durante a madrugada, com a respiração ofegante e o coração batendo cento e cinqüenta e duas vezes por minuto. Droga! O cérebro ainda funciona e o sangue ainda circula pelo corpo, porém por pouco tempo, porque os desesperados sempre têm a última atitude desesperada.
Os egoístas, infelizmente, soam o grito do alívio ao verem seus desesperados amados respirando. O egoísmo humano é tão cretino, que os egoístas preferem ver os desesperados sofrendo, para, assim, livrarem-se do seu próprio sofrimento, de perder seu querido sofredor. E quem sofre mais nessa porra? Os desesperados sofrem a ponto de quererem terminar com suas vidas. Os egoístas sofrem a ponto de impedir um desesperado a seguir sua vocação. Os desesperados devem viver para sofrer ou morrer e fazer com que um egoísta sofra? Vivendo, o desesperado vai chorar o resto da vida, enquanto o egoísta parará de derramar lágrimas assim que superar o ocorrido.

POR MARINA BRUCHARD

quarta-feira, 17 de junho de 2009

LONGE


Ficar longe porque eu não quero estar perto,
Estar próximo só de quem quero,
Filosofar co quem tenha o que argumentar,
Escrever só para quem souber interpretar,
Respeitar por uma questão moral,
Não volto sem motivos,
Ainda não aprendi a domar os riscos, mas ainda assim enfrento e gosto do frio na barriga,
Felicidade não é mais um bom motivo, estar completo e vivo, sim!
Confiante, constante, seguro,
Repleto de verdades ele estava, a deriva como um barco ele ficou!
POR ÂNGELA F.TAGLIAPIETRA